DISPONÍVEL EM 68 LÍNGUAS / SELECIONE SEU IDIOMA


AVAILABLE IN 68 LANGUAGES / SELECT YOUR LANGUAGE

Manchetes
Capa » A TRÍADE DO INFERNO – CONTO CURTO

A TRÍADE DO INFERNO – CONTO CURTO

Problema de Dramaturgia Proposto em Cuba por Gabriel García Márquez: 

REDUZAR PARA 186 PALAVRAS O “CONTO” DE 100O PALAVRAS PALAVRAS E A SITUAÇÃO DRAMÁTICA PROPOSTA NÃO PODE SER MODIFICADA:

1- O personagem “A”, está em situação crítica, no limite de suas forças, sozinho e necessita urgentemente se comunicar com alguém, compartilhar o seu problema, sair da sua solidão e não tem ninguém confiável por perto.

2- O personagem “B”, está esperando por “C” para solucionar um conflito pendente.

3- “A” e “C”, não se conhecem e se encontram num lugar hostil e perigoso.

4- Para “B”, a intromissão de “A” é inoportuna, pois não sabe como solucionar seu problema com “C”

5- No conflito de “A”, há um fator envergonhador.

6- “B” não pode fugir da situação em que se encontra, pois tem que esperar por “C”.

Eis Personagens Criados por Ruy Câmara:

“A” – Lagarto  

“B” – Cão.

“C” – Menino.

ADAPTAÇÃO: A TRÍADE DO INFERNO – Conto Curto – 186 palavras

 

Meio dia. A sombra do arbusto move-se com o vento. Pisando nela, um par de olhos famintos sobre quatro patas. Ao lado, um bípede raquítico. Nesse cenário de miséria, a vida é uma utopia medíocre e tudo que se move existe, e se existe é alimento ou ameaça. Súbito, o Cão fica estático e atento. O rastro do vivente exausto de fuga está aí, grudado ao chão rachado. Silêncio. Um chiado denuncia-se. A fome rastejando no próprio ventre, entoca-se. Da toca sai um cheiro de banquete ameaçado. Um só êxito exterminará tudo. Duas estocadas no buraco e os parceiros já não são mais aliados. Na fuga o rabo do Lagarto é devorado sem remorso pelo Cão. Lá adiante, condoendo-se numa dor secreta, ele espera a desgraça ruir sobre os inimigos. Furioso e exangue o menino mata o Cão e come-lhe a carne. O calor aumenta, vêm os engulhos, os delírios, e um tombo é ouvido na caatinga. O Lagarto aproxima-se lambendo o espetáculo mórbido. Não sabe que a morte é um caos sem providência divina, nem que no Nordeste se inicia a terrível seca de 1915.

Ruy Câmara