Mesmo com as privatizações das últimas décadas, o Estado brasileiro continuou inchando e sendo aparelhado de forma perversa e criminosa, a ponto de se tornar um gigante ineficiente em tudo o que diz respeito ao atendimento das demandas do contribuinte.
Estima-se que 60% da sociedade brasileira, mesmo sofrendo as inconsequências do gigantismo do Estado, é contra as privatizações. Por que é contra?
Porque a maioria desconhece os malefícios econômicos e sociais causados por estatais deficitárias que são operadas por burocratas corruptos a serviço de grandes corporações privadas, cujos dirigentes financiam uma casta política privilegiada que, associada à burocracia estatal, formam os chamados carteis que abocanham impunemente grande parte dos recursos do Tesouro.
Há três décadas o Brasil não consegue avançar com as privatizações porque a sua economia-política vem se distanciando do capitalismo liberal e adotando os fundamentos mais retrógrados do capitalismo estatizante de Estado socialista.
De 1986 até os dias atuais os carteis, oligopólios e as organizações criminosas vêm atuando com tamanha gana, que transformaram o Estado brasileiro em um megaempresário perdulário, que devora com avidez tudo o que arrecada, ignorando solene o que de fato importa ao contribuinte aviltado e vilipendiado por incúria dos governos.
Ora, numa economia sangrada na carótida, que despolpa e recrudesce em serviços públicos essenciais, desviar dinheiro do Tesouro para sanear estatais deficitárias é tão irracional quanto elevar a carga tributária para manter estatais que tem o desperdício e a roubalheira como sua alavanca mestra.
Livrando-se do fardo pesado das estatais deficitárias, o Estado deixará de ser refém de políticos mercenários que só apoiam iniciativas de interesse nacional mediante o toma-lá-dá-cá.
E em consequência das privatizações necessárias, o Estado terá condições de reduzir gastos com os serviços públicos, podendo dedicar-se com mais eficiência ao aprimoramento da arrecadação, concentrando sua energia na gestão eficaz das atividades finalísticas primordiais do Estado, que são: saúde, educação, segurança, infraestrutura e meio-ambiente.
Ruy Câmara
Publicado no Jornal Diário do Nordeste em 04 de Março de 2021 às 05h30