Por um ideal sublime se justifica uma vida inteira. Caiu em minhas mãos “O insaciável homem-aranha”, quarto livro do cubano Pedro Juan Gutiérrez, publicado pela Cia das Letras há alguns anos.
Ele ganhou a vida como cortador de cana, vendedor de picolés, mecânico de autos, soldado, instrutor de natação, locutor de brigas de galo, contrabandista, jornalista, e um dia se converteu em excelente aluno de Sade, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud e Bukowski (pai do realismo sujo americano), e por fim tornou-se poeta e contista no sub-mundo cubano.
Pedro Juan Gutiérrez é um escritor censurado e proibido em seu país, um autor que nunca fala nem escreve sobre política, mas seus livros são verdadeiros instrumentos de resistência contra o regime sanguinário, atroz e cruel do troglodita e comandante Fidel Castro.
Como criador do realismo sujo, os elementos básicos de suas obras são autobiográficos e seus temas são: a surdimudez, o cinismo, a ironia, a promiscuidade peculiar de um povo viciado em sexo, rum, charutos vagabundos, escassez de comida e nada de política. Seus relatos são a crônica da vida dos cubanos pobres e dos tipos mais desgraçados.
Sua matriz literária é muito pessoal e o cenário é a empobrecida Havana, uma espécie de factoide socialista do comandante Fidel. Pedro Juan é um autor que objetiva a literatura hiperbólica, escrita por um pugilista das letras que recorre à pena para nocautear o leitor e, conseqüentemente, o comandante Fidel com seu regime.
Ruy Câmara
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