A vida é árida nessa minha andante espera
Espero e sinto o que virá num dia escasso
Um dia urdido a transfundir-se no que faço
No espaço impune onde a morte a tudo encerra.
Impune mesmo é essa dor que me esfacela
Beijo a quimera que me fere num abraço
Vem a luxúria, o sonho denso que me pune
É sonho, é sina, é o final do meu cansaço.
Bebo o orvalho numa pétala oblonga e bela
A mente despe-se e mesmo nua não se assume
Colho outra flor que sela a alma e vem a lume
E me encarcera num azul que se desvela.