Refiro-me ao tempo como algo perene,
viajo no passado como algo inalcançável,
tento em vão adivinhar o futuro iminente
e não antevejo nada, além do imaginável.
Dizem que não estou no presente!
Em que tempo mesmo estou,
se a mentira histórica é mais resistente
e se o passado por mim já passou?
O futuro é apenas um tempo protelado
depositário infiel e coveiro do passado
ou talvez uma corda bem ali dependurada
atada ao pescoço de uma jovem desesperada .
Isso me leva a descrer de quase tudo,
da vida, da corda e até da eternidade,
sobretudo desse tempo que me deixa sufocado.
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Ruy Câmara
Fortaleza, 10.06.1995.