Neste sábado, 9 de novembro de 2024, quis o Altíssimo retirar do convívio dos seus familiares e de tantos amigos que o admiravam, o nosso lendário e querido amigo, Cel. Gondim (1950-2024).
Eu e sua plêiade de velhos e bons amigos, lamentamos profundamente a sua partida, deixando os homens e mulheres de bem do Ceará sem a sua voz combativa e as polícias, Miliar e Civil do Estado, sem a sua referência e um pouco fragilizadas em coragem, bravura e honra.
Ao longo das últimas 5 décadas, eu tive a felicidade de conviver e de conversar longamente com o saudoso amigo, Cel. Gondim, sobre os temas mais complexos e controversos que dizem respeito à sociedade, dentre eles, o que mais incomodava ao Gondim era a impunidade consentida pela Justiça do Ceará e a frouxidão da polícia novata no enfrentamento da bandidagem que se estabeleceu no Estado com consentimento de algumas autoridades.
Gondim foi, ao longo da vida, um cidadão brasileiro exemplar e um oficial digno, destemido e valente, tão destemido e sincero que não se curvava diante das autoridades corruptas que comandavam o Ceará. E justiça seja feita: sua coragem e bravura foram colocadas sempre a serviço da sociedade e da proteção do cidadão.
Quem o conhecia de perto, tem o Gondim como exemplo de integridade, sempre à frente de seu tempo, disposto a enfrentar qualquer tipo de desafio em prol do bem-estar de todos. Sua bravura e seu compromisso com a segurança pública, inspiraram não apenas seus colegas, mas todos nós que tiveram a honra conviver com ele.
Para realçar a força do seu caráter e sua coragem, bastaria citar aqui a sua atuação à frente do COE – COMANDO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS da Polícia Civil do Ceará, um órgão de enfrentamento criado pelo lendário General Assis Bezerra. Naqueles anos turbulentos, Gondim tomou parte em centenas de ações muito perigosas, sempre enfrentando bandidos e quadrilhas fortemente armadas que atuavam impunemente no Ceará e sua participação foi tão marcante no COE, que jamais será esquecida.
Como policial e cidadão consciente do seu papel a cumprir em uma sociedade com elevado déficit de decência, Gondim foi o mais eficiente caçador de bandidos do Estado em todos os tempos e também o policial mais injustiçado dentro da sua corporação. Seus condiscípulos da Polícia sabem que ele jamais recuou diante dos perigos, das ameaças, das conspirações ou mesmo das balas que guardava no seu corpo fechado em consequência dos embates que enfrentou. Por isso mesmo, contraiu diversos inimigos perigosos no submundo do crime e consequentemente, angariou a inveja e a inimizade de alguns comandantes da sua amada Polícia e também de algumas autoridades locais que blindavam bandidos e criminosos.
Mas na intimidade, vivia cercado de bons e leais amigos, notadamente do seu melhor amigo e irmão de lutas, igualmente injustiçado, Francisco Carlos de Araújo Crisóstomo, ou simplesmente Delegado Crisóstomo, nome que deve ser pronunciado sempre com muita admiração e profundo respeito pelo seus bons serviços prestados ao longo da vida de policial.
Que a sua trajetória sirva de luz e de inspiração para aqueles que permanecem nas Polícias, Civil e Militar do Ceará, e que a memória de suas ações exitosas contra a bandidagem continue a guiar a todos que tem a missão de defender a sociedade.
Neste momento triste de dor, os nossos corações estão com sua família e seus amigos. Roguemos aos céus para que encontremos o consolo nas lembranças de um homem tão valoroso quanto admirado por todos nós.
Descanse em paz, meu querido amigo, Coronel Gondim. Sua inteligência, coragem e honradez, viverão para sempre em nossos corações.